Coronavírus

Covid-19. Apenas 2% dos portugueses não querem ser vacinados (mas a Escola Nacional de Saúde Pública pede atenção a um dado)

Covid-19. Apenas 2% dos portugueses não querem ser vacinados (mas a Escola Nacional de Saúde Pública pede atenção a um dado)
Dado Ruvic/REUTERS

Percentagem de pessoas a recusar a vacina da covid-19 é agora menor do que era em novembro. Mas ainda há 65% dos portugueses a preferirem esperar até serem vacinados, o que é sinal de desconfiança e requer uma aposta numa “clarificação” da população, indica o barómetro da Escola Nacional de Saúde Pública

Só 2% dos portugueses não querem levar a vacina da covid-19, uma percentagem já mais baixa do que os 6% que a recusavam no final de novembro. Segundo o mais recente Barómetro Covid-19 da Escola Nacional de Saúde Pública, divulgado esta quinta-feira e a alguns dias do arranque da vacinação em Portugal, um terço da população quer ser vacinada logo que possível, mas ainda há 65% que preferem esperar algum ou muito tempo até darem esse passo.

A principal mudança deste barómetro, relativo ao período entre 28 de novembro e 11 de dezembro, está no aumento do número de pessoas que querem ser vacinadas logo (são agora 33%) e a diminuição daquelas que recusam a vacina. “São os idosos quem revela uma intenção mais imediata de tomar a vacina, com apenas 4% a pretender 'esperar muito tempo' ou até mesmo 'não tomar', comparativamente aos adultos com idades entre os 26 e os 45 anos - com 26% a pretender 'esperar muito tempo' ou até mesmo 'não tomar'”, indica o barómetro.

Desde setembro, quando este inquérito começou a ser feito, até à primeira quinzena de dezembro que tem vindo a aumentar a disponibilidade dos portugueses em serem vacinados logo que possível. Há dois meses, um em cada quatro portugueses pretendia esperar muito tempo ou até mesmo não tomar a vacina, enquanto que agora são 14% a assumir essas intenções.

Os dados mostram que são os homens quem revela maior disponibilidade para serem logo vacinados (34%), comparativamente a 26% das mulheres. E são as pessoas com maior nível de escolaridade e rendimentos superiores quem mais revela essa intenção.

Além disso, segundo a coordenadora científica do barómetro, Sónia Dias, “são os grupos de risco - os mais velhos e aqueles que percecionam poder sofrer complicações graves se forem contagiados - quem quer tomar a vacina logo que esta esteja disponível.” Cerca de 43% das pessoas que percecionam ter um risco elevado se ficarem infetadas têm a intenção de tomar a vacina logo que esteja disponível, comparativamente com 15% das pessoas que não percecionam nenhum risco em relação à covid-19.

Falta de confiança exige atenção

Mas há um lado preocupante nestas conclusões. Apesar de a confiança na vacina ter aumentado, ainda há 65% dos portugueses a preferirem esperar até serem vacinados - 52,6% querem aguardar algum tempo e 11,9% muito tempo. Ainda que não seja uma recusa, essa intenção é sinal de alguma desconfiança. E a percentagem até é ligeiramente superior à que o barómetro tinha identificado na última quinzena de novembro (63,2%).

“Esta análise revela que, nas últimas semanas, a confiança das pessoas na eficácia e segurança das vacinas contra a covid-19 tem vindo a aumentar. Mas continua a ser preocupante que as pessoas tendencialmente mais vulneráveis, baixos rendimentos e menos escolarizadas sejam também quem revela uma menor confiança. É importante segmentar informação e adequar os canais de transmissão para estes grupos específicos, no sentido de contribuir para a clarificação da vasta informação que circula sobre este tema”, frisa Sónia Dias.

O barómetro conclui que a forma como as pessoas percecionam a informação veiculada pelas autoridades de saúde parece ter influência” no seu nível de confiança nas vacinas. “São os que avaliam a informação das autoridades como 'incoerente e contraditória' que menos confiam nestas vacinas (57% destas revelam estar 'pouco' ou 'nada confiantes'), quando comparadas às que a avaliam como 'clara e compreensível' (39% destas revelam estar 'pouco' ou 'nada confiantes')”, aponta o inquérito, que se baseia em 2509 respostas de 1752 participantes, recolhidas entre 19 de setembro de 11 de dezembro.

Verifica-se que o nível de confiança dos respondentes aumentou entre setembro e dezembro. Se em setembro apenas 48% dos inquiridos estavam confiantes ou muito confiantes, esta proporção aumentou para 62% durante a primeira quinzena de dezembro. A proporção de pessoas “nada confiantes” reduziu para cerca de um terço (de 16% para 5%) durante este período”, aponta o barómetro.

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