Internacional

Depois do Sofagate, incidente com o convite para os 30 anos da independência da Ucrânia gera nova polémica em Bruxelas

Ursula von der Leyen (presidente da Comissão) e Charles Michel (presidente do Conselho) são os principais rostos da União Europeia
Ursula von der Leyen (presidente da Comissão) e Charles Michel (presidente do Conselho) são os principais rostos da União Europeia
ARIS OIKONOMOU / EPA

Charles Michel e Ursula von der Leyen foram convidados para a cerimónia dos 30 anos de independência da Ucrânia. O Presidente do Conselho Europeu disse que sim e vai representar a UE. A presidente da Comissão declinou, numa carta preparada pelo chefe de gabinete que está a marcar uma nova polémica em Bruxelas

Depois do Sofagate, incidente com o convite para os 30 anos da independência da Ucrânia gera nova polémica em Bruxelas

Susana Frexes

correspondente em Bruxelas

A cerimónia é só em agosto, mas Ursula von der Leyen já decidiu que não marcará presença nas celebrações dos 30 anos da independência da Ucrânia. A notícia da resposta negativa foi avançada esta quinta-feira pela publicação POLITICO, que dava conta também de uma quebra protocolar: em vez de ser a presidente da Comissão a responder ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como manda o protocolo, foi o seu chefe de gabinete a fazê-lo e a assinar a missiva, justificando que "infelizmente" a alemã não poderia comparecer devido "a uma agenda particularmente preenchida".

Para além das convenções protocolares, a resposta negativa de Von der Leyen levanta questões políticas, numa altura em que as tropas russas marcam forte presença junto à fronteira com a Ucrânia.

Questionada sobre a decisão da presidente, a Comissão rejeita que esteja em causa o apoio de Bruxelas à Ucrânia. Admite que houve uma primeira resposta preparada pelo chefe de gabinete, Björn Seibert, mas garante que não será enviada para Kiev e que a presidente vai responder e assinar uma nova missiva a declinar o convite, afastando a imagem de que estaria a retirar importância ao convite ou a desconsiderar o presidente ucraniano.

"A carta ainda não foi recebida pelas autoridades ucranianas. A própria presidente assinará uma resposta ao Presidente Zelensky", assegurou o porta-voz Eric Mamer.

Bruxelas desvaloriza o episódio, mas não justifica porque é que em pleno agosto, quando as instituições estão a meio gás ou de férias, a presidente não pode participar nas cerimónias na Ucrânia, adiantando que a Comissão será convenientemente representada. Por outro lado, rejeita qualquer leitura política.

"A Comissão e a UE estão lado a lado com a Ucrânia. A presidente espera reiterar o seu apoio à Ucrânia durante uma próxima reunião com o Presidente Zelensky", diz Mamer, algo que poderá até acontecer antes de agosto.

Michel vai representar a UE

O episódio surge depois do incidente protocolar em Ancara - conhecido como sofagate - em que Ursula von der Leyen não teve direito a cadeira ao lado dos presidentes do Conselho Europeu e da Turquia. Agora, parece ter estado perto de protagonizar também uma falha protocolar, uma vez que as respostas a presidentes e chefes de governo têm sempre de ser assinadas por ela e não por assistentes ou chefes de gabinete.

A alemã declinou o convite, mas Charles Michel marcará presença na Ucrânia, onde representará a UE, não só nas cerimónias dos 30 anos de independência do país, mas também numa cimeira sobre a Crimeia que decorre na véspera e para a qual Von der Leyen também foi convidada.

Esta quinta-feira, Michel voltou a agradecer o convite - que já tinha aceitado quando esteve na Ucrânia em março - durante uma conversa telefónica com Zelenskyy.

"O Presidente Charles Michel expressou profunda preocupação em relação à grande concentração de forças militares russas em curso na fronteira da Ucrânia e na Crimeia, ilegalmente anexada", pode ler-se no comunicado sobre o telefonema, onde é reforçado que tais "movimentos militares em larga escala representam atividades ameaçadoras e desestabilizadoras".

O Presidente do Conselho Europeu sublinhou ainda "o apoio inabalável da UE à independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia nas suas fronteiras internacionalmente reconhecidas"

A questão da Ucrânia está na agenda da videoconferência de ministros dos Negócios Estrangeiros que decorre esta segunda-feira.

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