Opinião

Estado de emergência contra a disciplina voluntária

17 março 2020 9:38

O estado de emergência não mobiliza meios e vontades. Dá mais poderes ao Governo e às autoridades administrativas. É sinal de falta de apego à liberdade esta vontade de a entregar a um governo sem que ele o tenha solicitado ou precise. É provável que limites à circulação de pessoas venham a exigir o estado de emergência. Fará então sentido dar este passo. Mas se o povo consegue ser disciplinado, porque precisamos que nos ponham na ordem? É como se a nossa disciplina valesse menos por ser voluntária

17 março 2020 9:38

Num momento de aflição e ansiedade não tem faltado quem se dedique a pedir com urgência o que sabe que acabará por acontecer, ignorando, na maior parte das vezes, a necessidade de preparação e os limites temporais em que algumas medidas podem vigorar. Medidas extremas, se não forem preparadas, podem ter efeitos ainda mais nefastos do que aqueles que pretendem evitar. O que quer dizer que uns dias podem fazer toda a diferença entre a contenção de um desastre ou o agravamento de um desastre. E há medidas, como a quarentena mais restritiva, que têm um tempo limite de duração depois do qual um país entra em colapso. Não entrar cedo nesse estado (e não faço ideia se agora é cedo ou tarde) é o que evita ser obrigado, de forma ordenada ou desordenada, a sair cedo demais dele. Há decisões que se tomam mesmo cedo demais.