Estátuas caídas

O ato de vandalismo anónimo contra a estátua do padre António Vieira não merece debate político. Porque é vandalismo e porque é anónimo. A escolha de uma personagem histórica bastante avançada para o seu tempo faz da pichagem já apagada uma coisa tão estúpida como a comparação que o líder do CDS fez com a dinamitação dos Budas de Bamiyan, pelos talibãs. Em todos os quadrantes, parece ter-se perdido a noção das proporções. Neste caso, nada é merecedor de um debate que até podia ser interessante. Nem o padre António Vieira, que não se enquadra no perfil das personagens que estão a ser contestadas em vários países. Nem a horrenda estátua mandada construir há três anos por cabeças anacrónicas, com os indígenas infantilizados, que insulta tanto como o vandalismo a memória do homenageado. Nem os autores da pichagem, que se esconderam no anonimato. Quem os promove a interlocutores quer o debate sequestrado pelo idiota que lhes der jeito.

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