Opinião

A quem serve o encerramento da refinaria em Matosinhos?

Os trabalhadores da refinaria da Galp em Leça da Palmeira, em Matosinhos tiveram a pior notícia na semana do Natal – a intenção da Galp encerrar a refinaria em Matosinhos, levando à destruição de cerca de 1500 postos de trabalho, cujos impactos teriam repercussão quer a nível local e regional, quer a nível nacional.

Caso se venha a confirmar, o encerramento desta refinaria contraria os interesses nacionais no plano da soberania energética, da atividade produtiva, da coesão territorial e do desenvolvimento económico e do emprego. A concretizar-se seria uma enorme perda para o país, contribuindo de forma muito expressiva para o agravamento dos défices estruturais e para o aumento da importação, deixando-nos ainda mais dependentes de terceiros.

O Governo, enquanto acionista da GALP, embora de uma parte minoritária, não pode permitir o encerramento desta infraestrutura estratégica para o país e deve intervir na defesa dos interesses nacionais, do desenvolvimento do país e da proteção dos postos de trabalho. Por isso o PCP já requereu a presença do Ministro do Ambiente e da Ação Climática na Assembleia da República para exigir esclarecimentos.

A posição assumida pelo Governo, expressa nas declarações do Ministro do Ambiente e da Ação Climática, é extremamente preocupante, ao congratular-se com o encerramento da refinaria, justificando-o com o roteiro para a neutralidade carbónica, o que revela por um lado a submissão às imposições da União Europeia e por outro lado, a propósito da instrumentação de preocupações ambientais, o favorecimento dos interesses dos grupos económicos.

Em nome da dita transição energética são transferidos recursos públicos para destruir atividade industrial e postos de trabalho, e que ao mesmo tempo, contribui para a acumulação de chorudos lucros pelos grupos económicos. Vale a pena relembrar que a Administração da Galp distribuiu 580 milhões de euros em dividendos só este ano.

Não é este o caminho de desenvolvimento e progresso económico e social. Já conhecemos em várias regiões do país o que significou a destruição da atividade produtiva no aumento da dependência externa, mas também no agravamento das condições de vida dos trabalhadores e das suas famílias. É por demais evidente que o encerramento da refinaria em Leça da Palmeira é prejudicial para os trabalhadores e para o país e só beneficia os grupos económicos e o capital.

Impedir o encerramento da refinaria em Leça da Palmeira é um imperativo nacional, na defesa dos direitos dos trabalhadores, na salvaguarda dos seus postos de trabalho e na defesa da soberania e dos interesses nacionais.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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