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Planeta bate novo recorde de concentração de CO2 na atmosfera

OMM explicou que ação humana e 'poderoso' El Niño são responsáveis pelo resultado

Mesmo que a Humanidade zerasse as emissões, concentração de CO2 continuaria alta por décadas
Foto: PHIL NOBLE / REUTERS
Mesmo que a Humanidade zerasse as emissões, concentração de CO2 continuaria alta por décadas Foto: PHIL NOBLE / REUTERS

WASHINGTON — A concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, responsável pelo aquecimento global,

alcançou um nível recorde em 2016, anunciou nesta segunda-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM), que adverte sobre um "aumento perigoso da temperatura". A agência ressaltou que a ação humana e o "poderoso" El Niño são os principais responsáveis pelo resultado.

"A última vez que a Terra conheceu uma quantidade de CO2 comparável ocorreu há entre três e cinco milhões de anos: a temperatura era entre 2 e 3 graus Celsius maior e o nível do mar era dez ou 20 metros mais elevado que o nível atual", recordou a agência em seu boletim mundial sobre os gases que provocam o efeito estufa.

De acordo com a ONU, o aumento do gás na atmosfera tem potencial de aumentar o nível do mar em 20 metros e de aumentar a temperatura em 3 graus Celsius — como no cenário de milhões de anos atrás. O boletim registra que a concentração de dióxido de carbono, o principal do efeito estufa, alcançou 403.3 partes por milhão (ppm). No ano passado, foi a primeira vez que a medição, relativa a 2015, ultrapassou 400 ppm.

A taxa de crescimento na última década foi 50% mais rápida que a média. O nível de CO2 é 45% mais alto que o da era pré-industrial. "Hoje, a concentração de mais de 400 ppm excede a variação natural visto em centenas de milhares de anos", ressaltou a OMM no boletim, que constatou o nível mais alto em 800 mil anos.

PRESSÃO DE LÍDERES, RESISTÊNCIA DE TRUMP

A divulgação dos dados relativos a 2016 coloca pressão sobre a reunião de líderes mundiais em Bonn, na Alemanha, no próximo mês. Ministros do Meio Ambiente do mundo todo discutirão diretrizes para o Acordo de Paris, assinado por 195 países há dois anos. A ideia é diminuir a temperatura em 2 graus Celsius. O engajamento mundial contra o aquecimento enfrenta a resistência dos Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, retirou o país do acordo e duvida dos efeitos climáticos danosos apontados pela ciência.

Segundo a OMM, as emissões de CO2 de fontes como carvão, petróleo, cimento e o desmatamento atingiram recorde em 2016. O padrão climático do fenômeno El Niño deu ainda aos níveis de dióxido de carbono um novo impulso.

Desde 1990, o efeito de aquecimento global do CO2 e outros gases cresceu 40%. Os dois outros principais gases — metano e óxido nitroso — também tiveram concentração recorde no ano passado, em taxa de crescimento inferior ao dióxido de carbono.