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Governo fica com 72.5% da TAP, por 55 milhões

02 jul, 2020 - 22:10 • Filipe d'Avillez

A transportadora não será nacionalizada, mas o Governo ficará com uma maioria das ações da companhia.

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O Governo anunciou esta quinta-feira à noite um acordo com os investidores privados, incluindo o empresário Humberto Pedrosa, que permite evitar a nacionalização da TAP.

O esperado acordo, que surge depois de várias horas de negociação, implica que o Estado fique com 72.5% das ações da TAP. A maioria do restante passa para as mãos de Pedrosa, que se torna assim acionista da Atlantic Gateway e os restantes 5% continuam nas mãos dos trabalhadores da empresa. O atual CEO da empresa, Antonoaldo Neves, sai com efeitos imediatos, mas o Governo não se quis comprometer com o que vai acontecer com o resto da equipa.

Com esta solução evita-se a nacionalização, em termos jurídicos, da TAP, mas o executivo terá o controlo público da empresa.

Segundo o ministro das Finanças, João Leão, a operação custa aos cofres do Estado 55 milhões de euros.

"Deste modo desbloqueia-se o empréstimo, assegurando a sobrevivência da empresa", disse o ministro, referindo-se ao empréstimo de 1.2 mil milhões de euros para recapitalizar a TAP.

O acordo anunciado esta tarde apenas fica efetivo com a assinatura dos respetivos documentos, salvaguardou Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, que se mostrou confiante, todavia, do sucesso da operação.

Tanto Pedro Nuno Santos como João Leão insistiram que fizeram os possíveis para trabalhar com os anteriores investidores privados, a Atlantic Gateway, mas que tal não foi possível.

Nas suas declarações, Pedro Nuno Santos disse que "felizmente" não tinha sido necessário optar pela nacionalização, mas que o Conselho de Ministros estava pronto para o fazer, e sublinhou que a TAP terá agora de passar por um plano de reestruturação.

Perplexidade é normal

Pedro Nuno Santos referiu-se ainda ao valor que o Estado está pronto para injetar na TAP, dizendo que é´natura que os portugueses estranhem e fiquem incomodados.

"1.200 milhões de euros é semptr muito dinheiro, os portugueses passam por dificuldades, sentem fragilidades nas suas vida e no Estado e reagem com perplexidade perante um montante desta dimensão. É natural que existam dúvidas. Mas é importante que tenhamos consciência do que estamos a flar, e de que empresa estamos a falar", disse.

"A TAP é dos maiores exportadores nacionais, exportou em 2019, 2.6 mil milhões de euros. Sabemos a importância que é ter uma empresa exportadora com a dimensão da TAP. É a companhia aérea que mais turistas traz para Portugal, e sabemos bem a importância do turismo para a economia do nosso país. A TAP gera 10 mil postos de trabalho diretos e, indiretamente, mais de 100 mil", explicou.

"A TAP compra anualmente 1.3 mil milhões a mais de mil empresas nacionais. É uma empresa crítica para a economia nacional e não podemos limitar a nossa análise aos 1.2 mil milhões que podem ser injetados, temos de olhar para o impacto da queda de uma empresa desta dimensão", concluiu.

Sobre a futura gestão, o ministro das Infraestruturas explicou que o Estado terá agora o trabalho de procurar pessoas com a experiência necessária para desempenhar essa função.

"Não estamos a falar do Governo a gerir a TAP. O que o Estado tem de fazer na TAP é adotar procedimentos profissionais, rigorosos de escolha das equipas de gestão. Aquilo que faremos é a contratação de uma empresa especializada a procurar no mercado internacional gestores qualificados, experientes e com competência na área da aviação. É com base nisto que tomaremos decisões sobre uma nova equipa para gerir a TAP."

“Faremos um processo de seleção contratando uma empresa que tem no quadro da sua atividade procurar no mercado internacional uma equipa qualificada para gerir a TAP”, precisou o ministro. “A TAP precisa de uma gestão qualificada e a TAP terá uma gestão qualificada”, referiu.

Em relação ao processo de reestruturação, o ministro foi questionado sobre se isso iria implicar despedimentos mas recusou-se a comprometer com essa ideia, dizendo que não faz sentido estar agora a avançar cenários decorrentes de um processo que ainda não aconteceu.

[Em atualização]

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