Explicador Renascença
As respostas às questões que importam sobre os temas que nos importam.
A+ / A-
Arquivo
Metade dos trabalhadores ganha menos de 1.050 euros. Portugal é um país de salários baixos?

Explicador Renascença

Metade dos trabalhadores ganha menos de 1.050 euros. Portugal é um país de salários baixos?

13 abr, 2023 • Sérgio Costa


Segundo os dados mais recentes do INE, apesar da evolução salarial positiva, os portugueses continuam a ser dos mais mal pagos da União Europeia. Salários de mulheres e jovens são mais reduzidos e os próximos tempos, sob um cenário de inflação, não auguram perspetivas de aumento.

Metade dos portugueses tem salários abaixo dos 1.050 euros brutos, segundo os dados recentemente divulgados pelo INE, relativos ao ano de 2021.

Só em 2020 é que metade dos trabalhadores passou a ganhar mais de mil euros brutos por mês. Em 2019, a chamada mediana, que divide os trabalhadores "ao meio", estava fixada nos 972 euros brutos.

Quer dizer que, afinal, houve uma evolução salarial?

No que diz respeito à média salarial, será uma forma de ler estes números. A média agora é ligeiramente melhor, mas, ainda assim, e comparando com a prática salarial da grande maioria dos países da União Europeia, Portugal é um país de salários baixos.

Há algum grupo ou faixa etária onde os salários são mais reduzidos?

Sim, como é o caso das mulheres, cuja mediana de salários ainda não alcançou os mil euros brutos. Em 2021, metade das trabalhadoras auferia um valor igual ou inferior a 987 euros por mês. No mesmo ano, a mediana para os homens era de 1.168 euros: ou seja, mais 18%.

Os jovens também entram neste capítulo. Em 2021, quem tinha entre 35 e 44 anos recebia, em média, 1.500 euros brutos. Um valor que supera a remuneração média de um jovem adulto em 19,6%.

Nesse mesmo ano, a média salarial das pessoas entre os 25 e os 34 anos era de 1.260 euros mensais.

Por que razão as novas gerações estão a ganhar menos?

Os analistas consideram que os aumentos são mais significativos nos salários inferiores, mas que também há uma política muito orientada para a remuneração mais baixa.

Outra justificação residirá no facto de as empresas criarem pouco valor acrescentado. Queixam-se de não terem capacidade para praticar melhores salários, porque não podem encarecer muito os preços da sua oferta e, desse modo, aumentar receitas. Sem lucro, não conseguem pagar melhor, dizem.

Há alguma perspetiva de melhoria dos salários nos próximos tempos?

Essa pergunta leva-nos a uma frase recente do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que aconselha a que não se aumente salários. Porquê? Por causa da inflação.

Em momentos de inflação elevada, se houver maior capacidade de consumo, os preços dos produtos e serviços tendem a aumentar. Como o objetivo é reduzir o índice de preços, a política sugerida é a de contenção dos níveis salariais.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Anastácio José Marti
    17 abr, 2023 Lisboa 10:12
    Quando é que Portugal não foi um país de salários e pensões baixas? Num país onde os políticos preferem imporem políticas de subsídio-dependentes em vez salários que estimulassem e reconhecessem quem trabalha, com sindicatos da treta em que assinam acordos com aumentos abaixo da taxa de inflação e com base na percentagem onde quem muito ganha maior aumento tem e os que menos ganham menor aumentam têm, aumentando assim as disparidades entre ricos e pobres, num país onde tudo funcionam ao invés do que deveria funcionar, não estará esse país, com estas políticas a cavar a sua própria sepultura e a dos seus cidadãos que assim são empurrados para a pobreza e para a miséria e nunca para terem salários dignos de quem trabalha e de que quem trabalha, não tenha de passar fome por ter salários abaixo do que o custo de vida lhes impõe? Mal dos portugueses que continuam assim a serem usados e desrespeitados, sem qualquer fé no futuro, pois enquanto estas políticas e estes políticos existirem, não teremos outro rumo que não seja cada vez mais e maior pobreza e miséria em vez de dignidade humana, seja no trabalho, na casa que muitos procuram e não encontram, e no acesso aos cuidados de saúde que muitos continuam a não terem, pois nem médico de família o pais lhes oferece.