11 nov, 2022 - 13:04 • Lusa
A região ucraniana de Kherson, incluindo a capital com o mesmo nome, continua a fazer parte da Rússia, apesar da retirada das tropas russas devido à contraofensiva das forças de Kiev, declarou hoje Moscovo.
O território "é um assunto da Federação Russa", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela agência francesa AFP.
"Não pode haver mudança", acrescentou Peskov, no primeiro comentário da Presidência russa sobre a retirada das suas forças de Kherson, que foi concluída hoje.
"Às 05h00, hora de Moscovo [02h00 em Lisboa], foi concluída a redistribuição das tropas russas para a margem esquerda do rio Dniepre", disse o ministério da Defesa russo, assegurando que a operação decorreu sem registo de vítimas.
Segundo a agência espanhola EFE, a agência Ukrinform noticiou hoje, com a publicação de uma fotografia, que "patriotas ucranianos" içaram a bandeira da Ucrânia na Praça da Liberdade, no centro de Kherson.
As autoridades ucranianas têm apelado para a prudência por receio de que o anúncio da retirada possa ser uma estratégia para atrair as suas tropas para uma armadilha.
Guerra na Ucrânia
"O inimigo não nos dá presentes, não mostra gesto (...)
Sete meses depois de ter invadido a Ucrânia, a Rússia anexou Kherson (sul) a 30 de setembro, juntamente com as regiões de Zaporijia (sudeste) e as de Donetsk e Lugansk, que constituem o Donbass (leste).
A anexação das quatro regiões, que correspondem a 18% do território da Ucrânia, foi considerada ilegal por Kiev e pela generalidade da comunidade internacional. A Rússia já tinha anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.
Kherson foi ocupada pelo exército russo pouco depois de ter invadido a Ucrânia, a 24 de fevereiro. A cidade de Kherson era mesmo a única capital regional ucraniana conquistada pelas tropas russas em quase nove meses de guerra.
Nos últimos meses, as forças ucranianas lançaram uma contraofensiva em várias zonas do país, que forçaram à retirada das tropas russas de Kherson. A contraofensiva foi possível com o fornecimento de armamento a Kiev pelos aliados ocidentais, incluindo o sistema de lançamento de foguetes de alta precisão Himars.
Com as novas armas, as forças ucranianas destruíram linhas de abastecimento russas, o que terá forçado o exército de Moscovo a retirar-se de Kherson.
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Peskov recusou-se a comentar a decisão dos comandantes militares sobre Kherson, um novo revés na campanha militar ordenada pelo Presidente Vladimir Putin.
O anúncio da retirada da zona vem juntar-se à da região de Kharkiv (nordeste), em setembro, e ao falhanço da conquista de outras regiões mais a norte, incluindo a da capital, Kiev.
A retirada é ainda mais significativa depois de Putin ter ordenado, a 21 de setembro, a mobilização de 300 mil reservistas para consolidar as linhas russas em dificuldade perante a contraofensiva ucraniana.
O líder russo também tinha avisado que Moscovo iria defender o que agora considera o seu território "por todos os meios", incluindo a possibilidade de utilização de armas nucleares, por estar em causa uma ameaça à integridade territorial da Rússia, do ponto de vista russo.