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“Foi um ataque à liberdade de imprensa”, diz diretor do Expresso sobre ataque informático

06 jan, 2022 - 10:14 • Marta Grosso

João Vieira Pereira falou com As Três da Manhã sobre o que aconteceu aos sites do semanário e da SIC e diz não acreditar nas teorias de vingança. O jornal impresso passa a sair todas as sextas-feiras.

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Qualquer impedimento ao trabalho do jornalista é uma obstrução à liberdade de imprensa e o ataque informático de domingo, aos sites do Expresso e da SIC, não é exceção, defende o diretor do semanário.

“Isto é um ataque enorme à liberdade de imprensa. Há muita gente que diz que não, que é um ataque cibernético a uma empresa. Não. É um ataque à liberdade de imprensa, exatamente porque quando se impede um jornalista de utilizar meios para realizar o seu trabalho, isso é um ataque à liberdade de imprensa. E isto é o que aconteceu”, afirma João Vieira Pereira, nesta quinta-feira, n’As Três da Manhã.

O responsável diz não acreditar nas várias teorias especulativas que circulam pelas redes, nomeadamente nas que falam num ato de vingança. No seu entender, são “disparatadas”.

“Eu não acredito nisso”, diz, adiantando que não existem ainda “provas nenhumas para poder entrar em teorias da conspiração. Aconteceu no Expresso e na SIC, mas pode acontecer a muitas empresas, quer de comunicação social ou não”, até porque vivemos “numa sociedade cada vez mais digital, que cada vez depende mais do telefone, dos computadores, dos ipads, etc, para funcionar”.

Mas não foi pedido um resgate? Não. De início, foi o que pareceu, mas “isto foi um ataque com o objetivo de destruir e impedir que o Expresso e a SIC tivessem os seus sites a funcionar”.

Contudo, explica João Vieira Pereira, “o ataque foi mais profundo do que isso”, estando ainda a ser avaliada a sua verdadeira dimensão e os prejuízos causados.

“Há determinados danos de que não sabemos a extensão toda. A Impresa é um grupo muito grande e o que estamos a fazer é a perceber toda a extensão dos danos. O dano imediatamente visível foi a questão dos sites, que nos preocupa bastante”, admite.

Ainda assim, e paralelamente, a empresa mobilizou “uma equipa extensa interna e externa de pessoas para tentar minimizar os danos”, de modo a voltar a comunicar com os leitores.

“Conseguimos fazer uma coisa absolutamente inacreditável, que foi, em poucos dias, montar sites novos nos quais conseguimos pelo menos comunicar com os nossos leitores; conseguimos pelo menos estar online e continuar a publicar notícias, que é o que nos interessa”, avança.

Os piratas chegaram aos dados dos leitores?

O diretor do Expresso remete para o comunicado enviado na madrugada desta quinta-feira. “Esse comunicado de 11 pontos explica tudo o que pode ter ou não acontecido”, diz.

“O Expresso tem 43.500 assinantes e contamos com todos e é natural que estejam preocupados”, acrescenta.

O comunicado enviado, e também publicado online, refere o seguinte:

P: Sou assinante do Expresso e subscritor da Opto. Os meus dados pessoais foram acedidos pelos atacantes?

R: Alguns dados pessoais foram acedidos pelos atacantes. Concretamente, os dados de identificação e contacto associados ao login, como o seu nome, email e contacto telefónico.

P: Os meus dados pessoais constantes das bases de dados de assinantes/utilizadores/subscritores dos meios e serviços EXPRESSO/SIC/OPTO foram destruídos ou apagados?

R: Não, não houve quaisquer dados pessoais de assinantes/utilizadores/subscritores que tenham sido destruídos ou apagados das referidas bases de dados.

P: Os atacantes tiveram acesso às passwords que utilizo para aceder ao Expresso e ao Opto?

R: Não temos evidências de que os atacantes tiveram acesso às suas passwords. Sem prejuízo disto, é sempre boa prática alterar passwords regularmente e não utilizar a mesma password em serviços diferentes.

P: Os atacantes tiveram acesso aos dados do cartão de crédito que utilizo para pagar a assinatura do Expresso e a subscrição do Opto?

R: Não temos evidências de que os atacantes tiveram acesso a esta informação.

À Renascença, João Vieira Pereira confirma isto mesmo: “até agora, não temos qualquer evidência que leve” a concluir “se houve acesso ou não aos cartões de crédito associados à assinatura do Expresso ou à subscrição da Opto” (SIC).

O diretor do semanário termina a entrevista afirmando que o jornal impresso estará amanhã nas bancas e que assim será, todas as sextas-feiras.

“Vai ficar assim. Tomámos essa decisão no passado, por causa da pandemia, em que tivemos de ficar em casa e não havia bancas abertas ao fim de semana”, e agora a decisão foi de manter a sexta-feira como dia de lançar o Expresso nas bancas.

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  • Joaquim
    06 jan, 2022 Paços 11:20
    Não quiseste elevar o Rui Pinto a herói? Ou quando te convém são heróis, e quando não te convém são criminosos?! Foi muito bem feito, para ver se são mais coerentes!

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