Dando continuidade à política de venda de ações em empresas, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) zerou a posição acionária de Vale na carteira de renda variável da instituição, disseram fontes próximas da operação ao Valor.
O banco se desfez da participação remanescente de Vale que ainda detinha na carteira, equivalente a 3,57% do capital da mineradora.
Foram vendidas este ano 117,5 milhões de ações por R$ 11,2 bilhões. As ações foram vendidas em “mesa”, na bolsa de valores, de forma gradual.
Se for considerada a venda de ações da Vale pelo BNDES desde novembro do ano passado, o volume alcançou 188,5 milhões de ações.
Agora o BNDES mantém de Vale somente debêntures participativas. São títulos da época da privatização da mineradora, em 1997, e que pagam royalties associados a algumas minas que, na época, ainda não produziam.
O BNDES anunciou, no ano passado, que contratou sindicato de bancos, liderado pelo Bradesco, para vender R$ 6 bilhões em debêntures participativas de Vale detidas pela própria instituição e também pela União. Esses títulos valem hoje quase R$ 13 bilhões.
Em agosto do ano passado, o BNDES vendeu, em um só dia, R$ 8,1 bilhões de ações de Vale, em operação de “block trade” na bolsa. Antes disso, o banco tinha uma posição de 6,2% em Vale.
Fonte próxima do BNDES disse que continua a estratégia de venda de ações ao sair de grandes ativos para cada vez mais apoiar as pequenas empresas e quem “mais precisa”.
“É um ativo com alta pegada de carbono e risco ambiental com mais impacto para carteira”, disse a fonte, referindo-se à mineradora.
A crítica é feita apesar de a Vale ter buscado aprimorar a agenda da companhia nas áreas de governança, ambiental e social, sobretudo depois da tragédia de Brumadinho, em janeiro de 2019.
A venda das ações remanescentes de Vale representa o fim de um longo período em que o banco carregou esses papéis em carteira, sendo um sócio estratégico da mineradora dentro do bloco de controle.
Depois da privatização da Vale, em 1997, no começo do governo Lula, o BNDES, sob a gestão de Carlos Lessa, fez um movimento estratégico de compra de ações da mineradora detidas pela fundação dos empregados da companhia. O objetivo foi evitar que essas ações caíssem em mãos de estrangeiros.